Na semana passada acolhemos em Lisboa o Global Mobility Forum da KPMG, que reuniu 400 clientes e profissionais da KPMG de quase 40 países.

Sendo o mote para este forum a coragem ou a bravura no novo mundo em que vivemos – “Be Brave. New World” – debatemos, em conjunto com os nossos clientes nacionais e internacionais, o que mais mudou na mobilidade internacional, o que deveremos antecipar neste novo mundo que nos espera e a forma como os podemos ajudar nesta nova jornada.

Flexibilidade nos benefícios e trabalho remoto

Os últimos anos desafiaram as empresas como nunca: a pandemia, os eventos geopolíticos, a evolução dos comportamentos sociais e a tecnologia transformaram a forma como trabalhamos e as expectativas dos trabalhadores em relação aos seus empregadores.

Neste contexto, ganha especial relevância a forma como as políticas de mobilidade internacional se devem posicionar para apoiar a cultura, a visão e os objetivos estratégicos globais da organização, sem deixarem de se adaptar ao contexto social/económico e político.

Neste âmbito, as empresas deparam-se cada vez mais com a necessidade de introduzir alguma flexibilidade nos pacotes tradicionais de benefícios atribuídos no âmbito das políticas de mobilidade internacional (trocar o custo do transporte de bens por um número adicional de viagens ao país de origem, por exemplo), sem prejudicar a disponibilização de um conjunto de benefícios chave que garantam a segurança do trabalhador e o cumprimento das suas obrigações legais e fiscais e da(s) empresa(s), em cada jurisdição.

Da troca de experiências que mantivemos com os nossos clientes nestes três dias resultou ainda claro que muito se evoluiu ao longo destes três anos (pós-pandemia) em matéria de trabalho remoto. 

A avalanche inicial de pedidos de trabalho remoto por parte de trabalhadores em destacamento internacional e a sua aceitação pelas empresas – em regra sem uma clara perceção das respetivas implicações legais ou fiscais nas jurisdições visadas – começa a dar lugar à definição de políticas claras e bem delimitadas de trabalho remoto internacional (“work from anywhere policy”) que se revelam fundamentais para estabelecer limites e mitigar riscos laborais, fiscais (estabelecimento estável, residência fiscal, dupla tributação), riscos de segurança social e/ou de imigração).

Para além do trabalho remoto, verificamos, ainda, um aumento crescente do recurso a destacamentos de curta duração, cujos riscos fiscais, laborais, de segurança social ou de imigração também não devem ser menosprezados.

Transformação digital ao serviço da mobilidade internacional

Num contexto em que as autoridades fiscais e de segurança social estão a aumentar o escrutínio das entidades empregadoras, estão também a exigir significativamente mais dados sobre os movimentos dos trabalhadores, anualmente, trimestralmente ou mesmo mensalmente, dependendo da jurisdição, o que lhes permite tornar os mecanismos de troca de informação em vigor – em particular na União Europeia – cada vez mais eficazes.

Neste âmbito, a tecnologia que temos colocado à disposição dos nossos clientes tem um papel importante a desempenhar na monitorização dos movimentos dos trabalhadores, tendo-se revelado um aliado fundamental na identificação e mitigação de situações de riscos fiscais, laborais e de imigração, em cada jurisdição.

Como a mobilidade pode contribuir para alcance das metas ESG

De acordo com o último inquérito do KPMG 2023 CEO Outlook, os CEO’s concordam cada vez mais que a vertente social do ESG – inclusão, diversidade e equidade (IDE) – avançou de forma demasiado lenta no mundo empresarial e que o desempenho IDE deve ser uma prioridade para a liderança.

Os programas de mobilidade internacional não ficarão alheios a esta tendência, podendo, quando devidamente alinhados com as metas traçadas, ser impulsionadores das necessidades de mudança da empresa. A abordagem ESG de uma empresa é pois cada vez mais vista como um fator diferenciador no que respeita à atração e retenção de talentos.