Estudo mostra a evolução da governança corporativa nas empresas abertas brasileiras, nos últimos 16 anos

As restrições decorrentes da pandemia da Covid-19 impuseram mudanças que afetaram diversas estruturas das empresas: cadeia de fornecedores, gestão dos riscos de terceiros, bases operacionais, interação e relacionamento com os consumidores, bem-estar da força de trabalho, entre outros. No entanto, foi nesse mesmo cenário desafiador e incerto que o Brasil registrou um aumento significativo no número de IPOs – de janeiro de 2020 a outubro de 2021, 73 companhias abriram capital na B3, seguindo uma tendência de redução da taxa de juros e consequente aumento de investidores no mercado de capitais.

Em meio à complexa conjuntura desses acontecimentos, o ativismo dos stakeholders se desenvolveu e cresceu rapidamente, ganhando mais força a cada ano, com demandas cada vez mais incisivas, como o alinhamento entre lucro e propósito corporativo e o apetite por mais responsabilidade das empresas nas questões relacionadas aos pilares ESG.

As exigências das diversas partes interessadas, em conjunto com outras tendências regulatórias, devem contribuir para transformar a composição da Alta Administração das companhias ao longo dos próximos anos, impulsionando mudanças em toda a estrutura de governança corporativa das organizações.

De acordo com os dados da 16ª edição do estudo A Governança Corporativa e o Mercado de Capitais, elaborado pelo ACI Institute em parceria com o Board Leadership Center Brasil, ambas iniciativas da KPMG no Brasil, a porcentagem de conselheiros independentes nos Conselhos de Administração (CA), por exemplo, é a maior registrada desde que o material começou a ser publicado. Se em 2011 os membros independentes representavam 20% da composição do CA, neste último levantamento eles já são 39%. Cresce, também, o número de companhias que divulgam avaliar o desempenho do Conselho, de forma colegiada, e de seus conselheiros, individualmente. Em 2020 as porcentagens eram, respectivamente, 45% e 30%. Este ano, ambas subiram: 59% avaliam o desempenho do órgão e 48% avaliam seus membros de forma individual.

Adicionalmente, 73% das empresas analisadas têm uma área específica para o gerenciamento de riscos (em comparação com 69% no ano passado) e a maioria (88%) divulga a existência de uma Auditoria Interna, sendo que 85% afirmam que a área se reporta ao Conselho de Administração – no levantamento anterior essa porcentagem era de 73%.

A 16ª edição do estudo A Governança Corporativa e o Mercado de Capitais analisou os formulários de referência de 280 empresas abertas no País, sendo todas as companhias listadas nos segmentos diferenciados da B3 (Novo Mercado, Nível 1 e Nível 2) e as empresas cujas receitas líquidas estão entre as 50 maiores do segmento Básico.

Diversidade faz parte do debate, mas ações concretas ainda são limitadas

Os diálogos sobre representatividade e inclusão foram frequentes nos últimos meses e evidenciam uma das principais preocupações dos stakeholders. Além disso, órgãos reguladores em diferentes países adotaram medidas para impulsionar a diversidade nas organizações.

No Brasil, a representatividade feminina nos Conselhos de Administração vem aumentando a cada ano, mas ainda é baixa. Elas representam apenas 14% dos cargos nos CAs (em 2020, eram 11%) e 37% das empresas analisadas não têm nenhuma mulher no Conselho.

O engajamento com os pilares ESG é outro aspecto que tem ganhado destaque na agenda de prioridades das organizações. As iniciativas sobre diversidade devem incluir profissionais representantes de minorias, considerando não apenas o aumento no número de mulheres, mas incluindo, também, pessoas de diferentes origens e formações, grupos étnicos e faixas etárias.

Dados sobre ESG: um desafio para padronização e divulgação

Nas empresas analisadas pelo estudo, é possível observar a adoção de diferentes critérios para  a divulgação de informações socioambientais, com o aumento da porcentagem, em todos os segmentos, de empresas que adotam diretrizes diferentes da Global Reporting Initiative (GRI) e do Relato Integrado.

Em 2021, 53% das companhias divulgaram informações socioambientais, percentual ligeiramente menor do que em 2020, quando eram 56%. Por outro lado, houve um aumento no percentual de empresas que informaram que suas informações socioambientais são auditadas – de 47% em 2020, para 54% neste ano.

Em um ambiente de negócios cada vez mais complexo, combinado à transformação digital, à segurança cibernética e à mudança de comportamento dos consumidores, o sucesso das empresas dependerá da evolução de suas práticas de governança corporativa.

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