Ter uma estrutura de capital eficiente e alinhada à estratégia de longo prazo da companhia exige planejamento e conhecimento de mercado. Trata-se de um componente essencial para a organização prosperar e reforçar a produtividade, sobretudo durante a crise ocasionada pela pandemia do coronavírus. Confira, neste artigo, dicas que podem ajudar a montar essa estrutura.
Uma empresa sólida, com boas perspectivas de avanço, depende de uma estrutura de capital bem planejada. Em períodos de crise econômica, como a que o mundo enfrenta devido à Covid-19, desempenhar uma gestão financeira eficiente é a única forma de garantir longevidade aos negócios. De acordo com um estudo realizado pela Gartner com 145 CFOs (Chief Financial Officer) nos Estados Unidos, 51% dos consultados afirmaram que se preparam para uma contração de até 30% na receita, enquanto 28% acreditam que o impacto pode ser superior.
As estratégias escolhidas são de extrema importância nesse período por assegurarem uma boa composição das fontes de financiamento, ou seja, a forma como a organização conseguirá financiar as operações e os investimentos nos próximos meses, usando capital próprio, de terceiros ou uma combinação das duas fontes.
É importante ressaltar que cada um tem características e indicações específicas, como custos, tributos, disponibilidade e necessidade de garantias. Por isso, é essencial ter uma visão estratégica e conhecer as possibilidades da empresa para embasar a decisão, buscando, assim, maior efetividade e rentabilidade, impactando de forma positiva a geração de valor de uma companhia.
Para ser efetiva, a estrutura de capital deve ser construída a partir de um alinhamento com a estratégia da organização, devendo ser parte da definição desta. Portanto, é fundamental que a estrutura trate de forma equilibrada os componentes do Balanço Patrimonial. Naturalmente a empresa precisará lançar mão de capital de terceiros, em complemento ao capital próprio, para suportar seu crescimento. Definir quando será preciso buscar esses recursos de terceiros, a longo ou curto prazo, deve fazer parte da estratégia de estrutura de capital, visando maior eficiência de capital, custo deste recurso e gestão do dia a dia.
Aqui, o desafio do CFO é encontrar estrutura de capital ótima que traga o melhor retorno para os acionistas.
Saiba mais sobre como criar uma estratégia adequada em tempos de crise
O primeiro passo é estar atento às oportunidades. Uma característica fundamental para um bom gestor financeiro é conhecer o mercado, buscar informações sobre opções de financiamento, estar inteirado sobre o tema e conversar com profissionais de diferentes áreas. Dessa forma, é possível ter uma base para identificar as oportunidades mais adequadas para a estruturação do capital. O mercado é cada vez mais dinâmico e as transformações cada vez mais rápidas.
É importante lembrar que fontes tradicionais, como os bancos de relacionamento, não são as únicas opções, uma vez que o mundo atual se transforma rapidamente. O mercado financeiro, por exemplo, incorporou novos modelos de instituições, como fundos de crédito e fintechs, ficando mais sofisticado. As operações estruturadas têm sido uma alternativa cada vez mais próxima das companhias. Cabe ao CFO acompanhar esse movimento para obter resultados efetivos para a organização.
A estrutura de capital deve ser condizente aos objetivos estratégicos da organização. Por isso, é importante que o gestor financeiro conheça todos eles. Dessa forma, conseguirá tomar decisões embasadas no que diz respeito às captações de curto e longo prazo, alinhadas à sua geração de caixa e ao custo adequado. Portanto, essa é a grande arte de um bom CFO no exercício da sua função.
Não existe uma fórmula pronta para o desenvolvimento de uma estrutura de capital. Cada caso deve ser avaliado individualmente. Por exemplo: uma empresa deseja expandir o número de lojas. Ela tem dois caminhos - comprar ou alugar os pontos. Caso opte pela compra, a estrutura de financiamento deverá ser de longo prazo. Mas se a saída for o aluguel, esta operação pode ser mais complexa, mas pode trazer vantagens, sendo uma delas a não necessidade de um grande investimento no início. Por isso, é essencial tomar decisões com base no segmento e na realidade de cada negócio.
Como já debatido, é preciso haver um alinhamento estratégico. Por exemplo, se os ativos são recebidos em longo prazo, o passivo deve estar “casado” com essa realidade. Em poucas palavras: a estrutura de capital precisa estar de acordo com o que e quando o seu ativo é capaz de gerar. Com isso, a gestão do dia a dia e o alinhamento de custos tendem a ser facilitados.
Financiamentos de curto prazo podem possuir valores mais elevados do que os de longo prazo. Isso se deve ao fato de estarem atrelados a uma necessidade imediata, caso outras fontes já tenham se exaurido. Já financiamentos de longo prazo tendem a ter uma estrutura mais robusta e, normalmente, resultam em valores e prazos mais condizentes, desde que feitos com estrutura adequada, pois o funding de longo prazo, em teoria, é mais custoso que o de curto prazo. É preciso medir todos os benefícios, os impactos e o CFO precisa entender a dinâmica, a sazonalidade e a expectativa de futuro da organização para qual trabalha.
Em todos os casos, no entanto, é importante que o gestor financeiro também avalie os custos envolvidos na operação para tomar decisões mais assertivas. Antes de formalizar a negociação, por exemplo, deve-se conhecer o Custo Efetivo Total (CET) da mesma, que contabiliza os encargos inerentes à movimentação financeira - despesas relacionadas a contratos e qualquer tipo de tributo. Os principais custos são:
Os custos de uma operação precisam ser avaliados no contexto completo levando em conta tudo o que será pago durante a vigência de um determinado contrato, entendendo se está adequado com o que a empresa busca.
Outro fator importante nessa fase é a escolha da fonte que concederá a linha de crédito. As mais recorridas são:
Crédito bancário: concedido por instituições públicas e privadas. Oferece a facilidade de serem instituições conhecidas e muitas vezes de relacionamento da companhia.
Fundos de crédito privado: captação de recursos que ocorre junto a fundos de investimentos, ou seja, investidores que estejam dispostos a conceder crédito para viabilizar os projetos ou objetivos da organização, através de operações mais flexíveis e que podem ter prazos mais alongados.
Securitização: captação com uso inteligente de recebíveis disponíveis. Nesta operação há a transformação dos recebíveis em títulos ou alocação em um fundo de investimentos, permitindo que um financiamento seja feito utilizando estes como lastro.
IPO: sigla de Initial Public Offering (ou Oferta Pública Inicial, em português) operação de financiamento através de capital próprio, com a entrada de novos acionistas na companhia através da abertura de seu capital listando ações em bolsa de valores.
Operações estruturadas tendem a beneficiar as empresas, podendo trazer impactos positivos de custos e segurança para a liquidez da organização. Além disso, a saúde da companhia estará bem encaminhada se a estrutura de capital estiver alinhada aos planos de investimentos e crescimento. Com tudo coordenado, os bons resultados aparecerão, trazendo mais retorno para os acionistas.
Uma estrutura de capital adequada depende de uma palavra: equilíbrio. É essencial procurar entender qual é a composição mais acertada entre capital de terceiros (curto e longo prazo) e capital próprio.
Uma vez que a estrutura de capital estiver equilibrada, problemas no meio do caminho surgirão com frequência baixa. Os projetos serão viabilizados, com o menor custo, e da maneira mais indicada.
Saiba mais sobre como criar uma estratégia adequada em tempos de crise
Naturalmente conforme a empresa cresce e se sofistica, operações estruturadas se tornam uma realidade ou até mesmo uma necessidade. Pensando neste tipo de estruturação, é preciso organização e estratégia para se concluir uma transação. Fundamentalmente, a empresa também precisa ter, como um dos pré-requisitos, uma perspectiva operacional positiva ainda que o cenário de caixa possa ser de dificuldade. Sem isso, dificilmente um investidor será convencido a investir dinheiro nesta oportunidade. No entanto, é possível transformar esse cenário. Trata-se de uma tarefa que exige tempo, planejamento e o apoio de uma equipe especializada.
Potenciais credores avaliam diversas características. Uma das principais é a alavancagem, ou seja, a geração de caixa da organização em comparação a sua dívida líquida. O acesso à oportunidades e taxas alcançadas entre outros aspectos, está atrelada à capacidade de pagar essa dívida. Por isso, construir uma percepção positiva por parte dos investidores é essencial.
Saiba mais sobre como criar uma estratégia adequada em tempos de crise