Bancos em foco

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Desafios das novas divulgações

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Roland Kuerzi

Sócio-diretor do Departamento de Práticas Profissionais

KPMG no Brasil

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ilustração de uma nuvem com uma lâmpada acesa dentro

As divulgações dos bancos referentes ao CPC 48 (IFRS 9) Instrumentos Financeiros devem mudar de explicações resumidas sobre os impactos esperados (até 2017) para divulgações detalhadas sobre os impactos da transição para a nova norma em 2018. Bancos estão especificamente expostos pela relevância da nova norma para instrumentos financeiros e, à medida em que o tempo avança, o mercado vai exigir informações mais detalhadas.

A qualidade e a clareza das explicações sobre os impactos e a implementação das novas normas são fundamentais e a implementação completa dos novos requisitos de divulgação levará tempo e esforço para que todos se sintam confortáveis com o nível de detalhamento. O tempo está passando rápido e as demonstrações financeiras anuais vão demandar divulgações ainda mais detalhadas que as exigidas em eventuais informações financeiras intermediárias.

A implementação do CPC 48 (IFRS 9) é um grande desafio para os bancos. A nova provisão para perdas de crédito esperadas é indiscutivelmente a maior mudança desde a introdução do conceito da mensuração ao valor justo. Ademais, o valor das perdas ao valor recuperável para instrumentos financeiros é frequentemente o mais significativo julgamento da administração de um banco.

Uma alteração radical

Alguns bancos têm subestimado a dimensão dessa tarefa. Trata-se de uma mudança radical do modelo de mensurar perdas ao valor recuperável. A mudança é fundamental, e além do modelo de mensuração das perdas ser mais complexo, a mudança também resultará em outros impactos, por exemplo, na necessidade de alterar processos e controles internos.

Diversos bancos publicaram uma estimativa do valor do impacto da implementação do CPC 48 (IFRS 9). Mas, enquanto em 2017 era apenas necessário divulgar o impacto esperado, os impactos da nova norma serão efetivamente reconhecidos em 2018. Os bancos precisarão incluir divulgações claras e abrangentes para explicar os impactos adequadamente para os usuários das demonstrações financeiras.

A comunicação é fundamental

A adoção das novas normas exigirá um nível de comunicação diferente do que observamos no passado. A clareza das divulgações será extremamente importante.

Temos que lembrar que explicar um modelo de perdas de crédito esperadas será muito mais complexo que as explicações sobre perdas ao valor recuperável que apareciam nas notas explicativas até agora. Articular de forma sucinta e em uma linguagem clara, que tanto investidores de varejo quanto investidores profissionais e analistas possam entender, não será fácil.

Também não será fácil alinhar isso internamente nos bancos. Certamente haverá discussões longas entre administração, conselhos e comitês de auditoria. A primeira pergunta refere-se frequentemente ao montante do impacto nas provisões para perdas ao valor recuperável, mas explicar como esse valor está sendo calculado e os principais julgamentos utilizados também será um desafio.

E se o seu banco tiver impactos diferentes dos outros?

Analistas irão comparar as demonstrações financeiras e os impactos das novas normas divulgados pelos bancos. Eles irão procurar explicações detalhadas sobre esses impactos. Se o seu banco terá impactos diferentes das novas normas que outros bancos, você precisará fazer algumas perguntas: Por que os impactos são diferentes no meu banco? Nossos modelos de mensuração de perdas de crédito esperados estão corretos? Quais são as razões para as diferenças? O que podemos aprender com outros bancos?

A comparação será mais fácil entre bancos que operam dentro do mesmo país e mercado. E será consideravelmente mais difícil entre bancos globais.

Aprimorando no decorrer do tempo

Essas discussões internas e a determinação do formato e da extensão das divulgações a serem fornecidas deverão acontecer enquanto você estará provavelmente ainda aprimorando as suas mensurações das perdas de crédito esperadas. O processo de aprimoramento dos modelos e determinação das divulgações deve começar agora, para que você consiga fornecer divulgações robustas. Mesmo assim, provavelmente levará mais um ou dois anos para que as melhores práticas de divulgação realmente venham a se estabelecer.

Dificuldades nos valores das perdas de crédito esperadas

Entender ou comparar as perdas de crédito esperadas poderá ser um grande desafio. Não há dados observáveis de mercado para facilitar análises e comparações dos modelos de perdas de crédito esperadas. Não me surpreenderia se reguladores, analistas ou investidores mostrassem um interesse maior pelos valores e as divergências entre os bancos, para efetivamente poder compreender ou comparar as perdas de crédito.

As provisões serão afetadas por transações que estavam fora do balanço patrimonial, tais como compromissos de empréstimo ou garantias financeiras. Também haverá divergências relevantes em função do período esperado de exposição para perdas de crédito esperadas de cada banco.

E como os bancos irão determinar os grupos de instrumentos financeiros com características de risco de crédito compartilhadas para determinar provisões para perdas de crédito de forma coletiva? Será que veremos novos e mais grupos com a nova norma? Provavelmente sim.

Essas novas complexidades podem significar que a comparabilidade com o passado e entre os bancos será difícil, embora tenhamos uma melhor comparabilidade ao longo do tempo para uma mesma entidade.

Tudo isso acontece em um momento de mudanças na economia e na política, com incertezas significativas em relação às condições econômicas futuras do país. Isso torna essencial que os modelos de perdas de crédito esperadas consideram condições atuais e previsões de condições econômicas futuras.

As novas divulgações não estão limitadas a instrumentos financeiros…

Além do CPC 48 (IFRS 9), também entrou em vigor em 2018 o novo CPC 47 (IFRS 15) Receita de Contratos com Clientes e, em 2019, teremos o CPC 06 (R2) (IFRS 16) Arrendamentos. A boa notícia é que o trabalho e os cálculos que os bancos precisam fazer para a implementação das novas normas de receita e arrendamentos provavelmente serão menos complexos.

Para as receitas, a nova norma provavelmente não terá o mesmo impacto generalizado e material nas demonstrações financeiras de muitos bancos. Mas, independente disso, é necessário assegurar que as divulgações exigidas sejam fornecidas nas demonstrações financeiras de 2018. Alguns bancos terão impactos mais relevantes e complexos, por exemplo, quando fornecem serviços de seguros ou relacionados à administração de ativos.

Da mesma forma, os impactos da norma de arrendamento provavelmente serão mais limitados para os bancos, mas os requisitos de divulgação são complexos. E os bancos em que arrendamentos são relevantes no negócio terão mais trabalho a fazer para a implementação dessa nova norma.

Por onde começar?

A maioria dos bancos entende que o CPC 47 (IFRS 15) e o CPC 06 (R2) (IFRS 16) trazem preocupações tecnicamente menores e o foco tem sido a conclusão da adoção do CPC 48 (IFRS 9) e o fornecimento das novas divulgações requeridas sobre os impactos dessa nova norma.

Você pode se informar sobre os requisitos de divulgação nos nossos guias rápidos sobre as divulgações da IFRS 9, IFRS 15 e IFRS 16.

E para obter mais informações sobre todos os aspectos do CPC 48 (IFRS9), do CPC 47 (IFRS 15) e do CPC 06 (R2) (IFRS 16), visite nossas páginas na internet sobre Instrumentos Financeiros, Reconhecimento de Receitas, Arrendamentos e IFRS para Bancos, ou fale com o seu contato da KPMG.

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